Alimentação & Meditação

A Meditação é a ferramenta, é a chave que abre a porta para além do Samsara.



A invenção do "Tempo" como nós a conhecemos andou sempre a par com a suposta evolução tecnológica e científica.
Acreditamos em épocas mais avançadas porque as nossas condições físicas, em certa parte, foram melhoradas.
Hoje existem mais tratamentos para certas doenças, que outrora eram altamente mortais, sem grande opção cirúrgica, por exemplo.
Temos melhores condições de vida, pelo menos aqui para o Ocidente, mais conforto, tecnologia que nos vendem como sendo a nossa melhor amiga, ou seja imprescindível para a nossa existência.

É certo que o "mundo" mudou. Mas isso também não é espanto nenhum, nem grande descoberta, tudo está em constante mudança, tudo está em constante impermanência, é assim desde o Início...

No entanto, foram poucos aqueles que realmente evoluíram no "Tempo". A evolução no "Tempo" não pode ser simplesmente analisada do ponto de vista material, físico, científico e tecnológico.
A evolução tem que ser observada de vários ângulos e tendo sempre em conta a evolução da Consciência. Ou se quiserem a limpeza, a clareza, o Despertar da Consciência.

A famosa frase de Mahatma Gandhi sobre a evolução da sociedade ilustra bem o que tento expressar:

"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados."
É a conquista da nossa Consciência que nos permite agir com compaixão, sem ego, sem personalidade, sem definições entre eu e tu, eles e os outros.

Como podemos estar tão evoluídos tecnologicamente e ao mesmo tempo tão atrasados mentalmente? Como podemos andar à deriva sem reclamar a nossa responsabilidade para alcançar a maior de todas as liberdades?

A Meditação é a ferramenta por eleição, é a “chave antiquíssima” utilizada por muitos sábios, yogis, mestres, monges e leigos ao longo dos tempos.

Hoje em dia existem inúmeros livros, vídeos, palestras, retiros etc, onde se explica e se pratica meditação e “Mindfulness”.

A concentração; o estar consciente no momento presente, sem deambular entre os pensamentos do passado e do futuro, sem nos apegarmos às emoções, sensações e concepções é uma prática extremamente benéfica, que requer, como em qualquer outra execução, vontade, humildade, persistência e aceitação.

Esta ferramenta pode usar usada em qualquer momento do nosso quotidiano e pode ser aplicada à nossa alimentação. Desde que se pensa na refeição, à escolha e compra dos produtos, à sua confecção, à sua ingestão e posteriormente à digestão da mesma.

Este processo é extremamente vital. Uma alimentação consciente trará benefícios, não só físicos, como anímicos.

A maneira como encaramos a comida é sem dúvida mental. Podemos referir casos de anorexia nervosa, bulimia, obesidade ou outros distúrbios alimentares. Todos eles têm sempre na sua raiz uma causa mental. Mesmo sem nenhum problema clinico, muitos de nós em situações mais extremas de stress, ansiedade, nervosismo ou até de euforia cometemos devaneios alimentares, uns por excessos outros restrição… “o corpo é que paga…” já dizia o Variações.
Há quem encontre conforto no açúcar; chocolates, gelados, bolachas, etc. Ou quem prefira salgados; batatas-fritas, oleaginosas com sal, etc… ou bebidas alcoólicas, entre outros.

Mas de onde vem essa necessidade de conforto? O que é que precisa de ser confortado?

Se estivermos conscientes e atentos conseguimos ver, sentir essa “necessidade” a surgir. E temos a opção de a dominar e dizer não, eu não quero isto, isto não é saudável para mim, não me traz nenhum benefício nem felicidade ou, temos a opção de nos deixarmos levar… e deixar o corpo pagar…

Quando pensarmos na nossa refeição pensemos nela de maneira “mindful”, consciente. Quando vamos às compras é importante observar os ingredientes que compõem os alimentos, sempre que nos é possível devemos optar por alimentos de agricultura biológica ou por produtos da época e regionais. É relevante estar consciente para que altura do dia é aquela refeição, se nos vai oferecer tudo o que necessitamos para aquela hora do dia e se não há nenhum tipo de crueldade e exploração animal envolvida nos produtos que vamos ingerir.

É importante consciencializarmo-nos de que os animais estão no Planeta Terra connosco e não para nós. Nem os animais (nem o planeta em si) estão aqui para nos servir, nem existem para nosso bel-prazer.
Vivemos todos juntos, somos todos iguais, pois todos vivemos, sofremos e morremos. Se ninguém quer sofrer porquê causar sofrimento a outro ser vivo? Se podemos ter uma alimentação mais saudável, mais de acordo com as nossas necessidades vitais, porquê optar por uma alimentação cruel e que cada vez mais nos faz adoecer e sofrer.
A frase tantas vezes dita “Somos aquilo que comemos” encerra em si uma verdade à espera de ser revelada. Se optarmos por comer produtos de origem animal, e se formos verificar como é criado, tratado, alimentado, acondicionado até chegar ao prato… o que se vai ingerir é puro sofrimento.

Nunca vi ninguém ser feliz com o sofrimento.

A meditação pode ajudar-nos não só a trazer mais paz interior, a acalmar os nossos sentidos, estados ansiosos e distracções mentais, dando-nos uma maior clareza perante as situações, mas pode também ser aplicada enquanto estamos a fazer e a tomar a nossa refeição.

Experimente fazer uma refeição pelo menos 1 vez por semana num sítio calmo, de preferência na Natureza, num parque, num jardim… opte por um sítio onde esteja pouca gente, onde possa estar um pouco sozinha/o, consigo mesma/o.

Leve uma refeição de que goste, mas que seja leve e de preferência confeccionada por si. 
Sente-se confortavelmente e antes de iniciar a sua refeição feche os olhos e faça três longas inspirações, três longas expirações.
Concentre-se somente na respiração, sinta o ar a entrar pelas narinas, a expansão do tórax e do diafragma e o seu processo inverso ao expirar. Concentre-se apenas nisso, a sua mente está simplesmente viva nesse processo.

Esteja relaxada/a e consciente durante e de todo o desenrolar até ter a refeição à sua frente. Sinta os talheres nas suas mãos. Sinta o peso, a temperatura, sinta a sua mão.
O que escolheu vai ser aquilo que vai alimentar o seu corpo, as suas células, que irá correr na sua corrente sanguínea, aquilo irá influenciar a sua energia, o seu humor, o seu dia, a sua noite.

Esteja consciente da mastigação, mastigue bem os alimentos e sinta todo o processo daquilo a que comummente se chamam de “comer”. Saboreie os alimentos lentamente. Sinta-se grata/o pela refeição. E deseje o mesmo para todos os seres vivos.

Faça respirações profundas durante a refeição. O oxigénio vai ajudar no processo da digestão.


Note que, fazer refeições em locais muito barulhentos e com grande azáfama de pessoas é menos positivo quer para o seu corpo quer para a sua mente. Assim como fazer refeições num ambiente tenso devido a algum mal-entendido, alguma zanga. Não fazem bem nenhum à saúde!


Seja grata/o por cada refeição que fizer ao longo do dia, uma mente positiva e tranquila durante as refeições é fundamental para que o nosso corpo retire dela o máximo e o melhor possível.

E não se esqueça… sempre que possível ofereça uma refeição, seja a uma pessoa, seja a um animal.





"Felicidade nunca diminui ao ser compartilhada."
Buda
 



Texto por Meal Meditation

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